Agentes da operação Assepsia VI prenderam 25 suspeitos de tráfico de drogas e associação para o tráfico em seis cidades do Noroeste e Norte do estado do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (29/09).
A ação foi deflagrada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), em conjunto com a Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ).
O objetivo era cumprir 29 mandados de prisão temporária e 47 de busca e apreensão contra investigados por associação criminosa voltada ao tráfico de drogas nas cidades de Santo Antônio de Pádua, Aperibé, Cambuci, Itaocara, Cantagalo e São Fidélis.
De acordo com o promotor de Justiça responsável pelas investigações, Dr. Marcos Davidovich, os mandados foram expedidos pelo Juízo da Vara Única de Itaocara.
"Nesta fase da operação, 47 pessoas são investigadas pelo Gaeco/MPRJ pelo crime de tráfico de drogas e associação criminosa. Dessas, 16 são mulheres, algumas exercendo posições de liderança no grupo. O objetivo é colher mais provas antes da conclusão das investigações, bem como prender, cautelarmente, os membros da associação cujas condutas já foram individualizadas", cita Dr. Davidovich.
Em relação ao envolvimento de mulheres nos crimes do delegado titular da 135ª DP (Itaocara), Dr. Mario César Monnerat Vianna, esclareceu à Inter TV que muitas assumem o papel dos parentes que foram presos em outras situações.
"Vemos que o tráfico se torna um empreendimento familiar. A maioria dessas mulheres, o marido foi preso em outras etapas da operação Assepsia e elas acabaram assumindo o controle do negócio familiar perpetuando o crime", conta o delegado.
A operação teve o apoio da Polícia Civil, por meio da 135ª Delegacia de Polícia de Itaocara e outras unidades, além dos 36º BPM (Santo Antônio de Pádua) e 11º BPM (Nova Friburgo), contando, ainda, com o Batalhão de Ação com Cães (BAC).
Ainda segundo o MP, "De acordo com a medida cautelar ajuizada, a partir da análise de centenas de horas de áudios, além de informações de inteligência e diligências em campo, o GAECO/MPRJ constatou que muitos dos investigados mantinham contato com membros da organização presos em outras fases da operação Assepsia. Segundo demonstrado nas diligências, mesmo presos, os criminosos continuam atuantes no tráfico de drogas na região".
Em entrevista exclusiva à Inter TV, o diretor de Inteligência do MP, coronel PM Antônio Jorge Goulart Matos, disse que a ação obteve um resultado satisfatório e esta foi uma operação de médio para grande porte.
"Empenhamos mais de 200 homens e mulheres. Foram montadas 47 equipes e mais de 60 viaturas. Empregamos drone que possibilitou o resgate de uma pessoa que fugiu pelo telhado e foi encontrada na rua atrás da casa. Uma rua que foi tomada pelo tráfico. Foi um grande baque pro tráfico porque algumas lideranças do tráfico foram presas. Apreendemos drogas com o auxílio dos cães farejadores. Muitos celulares foram apreendidos, mais de 20 passarão por perícias. Mais de R$ 2 mil arrecadados. Pretendemos manter os índices de criminalidade baixos no interior do Estado", explicou o coronel PM Goulart.
O promotor Dr. Marcos Davidovich destaca que "o trabalho de investigação desvendou ainda a dinâmica de atuação do grupo, que inclui extorsões, negociação de armas, homicídios, bem como tratativas sobre valores de venda das drogas, pontos de distribuição e de venda. Ficaram evidentes, ainda, a existência de propinas pagas a policiais penais para permitir o uso do aparelho celular dentro de presídios".
Ainda de acordo com as investigações do Gaeco "havia divisão de tarefa entre os investigados, distribuídos em três grupos distintos. Enquanto dois grupos tinham atuação direta e principal em Itaocara, o terceiro grupo atuava simultaneamente em Itaocara e Santo Antônio de Pádua".
Para o subcomandante do 36° BPM de Santo Antônio de Pádua, major Diego Pires Bandeira da Costa, todas as operações dão uma resposta mais precisa à sociedade a partir do momento em que com os trabalhos integrados entre as Polícias Militar e Civil junto ao MP se chega às supostas lideranças criminosas.
"O Batalhão de Ação com Cães é de extrema importância nessas ações. O criminoso se utiliza de várias estratégias para se livrar do flagrante ou despistar as ações policiais. O cão é uma ferramenta fundamental no trabalho policial porque vai diretamente na droga. Hoje, um preso tentou se livrar de uma droga em uma laje e um cão indicou o local", pontua major PM Bandeira.
Operação Assepsia
As outras fases da operação Assepsia foram realizadas de forma colaborativa entre o MPRJ, Polícia Civil e Polícia Militar e resultaram em sete operações policiais.
As anteriores Assepsia I, II, III, IV e V levaram à prisão mais de 79 traficantes que atuavam na região. Muitos já foram condenados.
Foram deflagradas também as operações Ícaro e Casa de Papel, que resultaram na prisão de membros da associação criminosa atuante no tráfico de drogas de Itaocara.
A Inter TV conversou com o advogado de defesa de 12 presos que são os moradores de Itaocara, Dr. Michel Macedo, e ele disse que só poderá se pronunciar depois de ter acesso ao inquérito policial.
A reportagem não conseguiu contato com as outras defesas técnicas.
Fonte: G1