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Bolsonaro Depõe em silêncio na Polícia Federal

Defesa alega que silêncio é uma estratégia pelo de não ter acesso a todos elementos nos autos

Por JN Notícias RJ em 23/02/2024 às 12:28:11

O ex-presidente Jair Bolsonaro não respondeu aos questionamentos da PolĂ­cia Federal (PF), nesta quinta-feira (22), no depoimento para investigação que apura a suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil. Ele chegou à sede da PF, em BrasĂ­lia, por volta das 14h20, e não falou com a imprensa.


Bolsonaro ficou cerca de 30 minutos na PF e, após deixar o local em carro com vidros fechados, dois dos seus advogados falaram com a imprensa e justificaram que o seu cliente ficou em silĂȘncio porque a defesa não teria tido acesso à Ă­ntegra dos autos da investigação.

"A falta de acesso a esses documentos, especialmente as declarações do tenente coronel Mauro Cid, e as mĂ­dias eletrônicas obtidas dos telefones celulares de terceiros e computadores, impedem que a defesa tenha o mĂ­nimo conhecimento por quais elementos o presidente Ă© hoje convocado a esse depoimento" destacou Paulo Bueno, advogado do ex-presidente.

A defesa acrescentou que o silĂȘncio Ă© uma estratĂ©gia "baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos pelos quais estĂĄ sendo imputada ao presidente a prĂĄtica de certos delitos", acrescentou.

Bueno disse, ainda, Bolsonaro estĂĄ à disposição da Justiça "como, aliĂĄs, ele sempre fez e continuarĂĄ fazendo, sendo do maior interesse dele o esclarecimento dessa verdade".

AlĂ©m do ex-presidente, vĂĄrios ex-integrantes do governo anterior compareceram nesta quinta-feira (22) à sede da PolĂ­cia Federal para prestar depoimentos, entre eles, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, o ex-ministro da Defesa, Paulo SĂ©rgio Nogueira de Oliveira, o ex-ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o presidente do partido de Bolsonaro, o Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto.

As defesas desses investigados não falaram com a imprensa. Eles são suspeitos de formar uma organização criminosa que, segundo a PolĂ­cia Federal, atuou na tentativa de golpe de Estado para manter o então presidente no poder após a vitória eleitoral do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva.

As investigações apontaram que o grupo formulou uma minuta, com a participação de Bolsonaro, que previa uma sĂ©rie de medidas contra o Poder JudiciĂĄrio, incluindo a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Esse grupo tambĂ©m promoveu reuniões para impulsionar a divulgação de notĂ­cias falsas contra o sistema eleitoral brasileiro e monitorou o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Operação Tempus Veritatis

No dia 8 de fevereiro, a PF deflagrou a Operação Tempus Veritatis que teve como alvo diversos militares e assessores ligados a Bolsonaro. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chegou a ser preso por porte ilegal de arma e de pepita de ouro de garimpo ilegal durante a operação.

A operação foi deflagrada após o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, ter fechado acordo de colaboração premiada junto a investigadores da PF. O acordo foi enviado à Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR) e jĂĄ recebeu a homologação pelo STF.

Bolsonaro foi alvo de mandatos de busca e apreensão e teve o passaporte apreendido para não poder deixar o paĂ­s atĂ© a conclusão do inquĂ©rito. A operação prendeu ainda o ex-assessor para Assuntos Internacionais da PresidĂȘncia, Filipe Martins, o coronel Marcelo Câmara, da reserva do ExĂ©rcito, e o major Rafael Martins, da ativa do ExĂ©rcito.

A investigação aponta ainda que o general Walter Braga Netto, então candidato a vice-presidente na chapa derrotada em outubro de 2022, teria orientado ataques contra generais que não aderiram ao plano de golpe de Estado.

Edição: Kleber Sampaio






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