Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentam costurar um acordo com Daniela Carneiro, para que ela peça demissão do Ministério do Turismo. A estratégia visa reduzir os desgastes para Lula diante da necessidade de demitir uma ministra mulher para abrigar o deputado Celso Sabino (União Brasil-PA).
A substituição na pasta é uma cobrança da cúpula do União Brasil. Lula passou a costurar a troca no Ministério do Turismo como forma de ampliar o apoio dentro da bancada do partido na Câmara dos Deputados.
A pressão do União Brasil pela troca da ministra ganhou força depois que o prefeito de Belford Roxo deixou o partido. Daniela também briga na Justiça Eleitoral para deixar o União Brasil sem perder o seu mandato de deputada federal.
Apesar do desgaste provocado pela troca ministerial, Waguinho Carneiro já indicou que seu grupo político seguirá apoiando o governo Lula. "Se o presidente Lula falar: 'Daniela, agora tua missão, que eu vou lhe dar, é na Câmara'. A Daniela vai pegar a missão do presidente e vai atuar na Câmara. Ela é a deputada mais votada do estado do Rio de Janeiro e atua muito bem na Câmara", disse ele.
Auxiliares de Lula argumentam que o petista fez questão de explicar a situação política da ministra durante um encontro que tiveram no Palácio do Planalto. A estratégia teria sido uma tentativa de rebater as críticas de que o futuro de Daniela estaria sendo decidido por dois homens, Lula e o marido dela, Waguinho Carneiro, enquanto ela estaria de fora das tratativas.
Para evitar críticas ao governo pelo suposto machismo na pressão pela troca ministerial, a ministra passou a fazer diversos acenos a Lula. "Um turismo que respeita as mulheres. Falando em respeito, nós estamos em um governo que literalmente respeita as mulheres. Inclusive, eu sou a 11ª mulher ministra do governo do presidente Lula. Me sinto muito honrada, muito lisonjeada de poder, através dessa política tão importante, que é o turismo, empoderar as mulheres", disse a ministra nesta quarta-feira (21).
Na semana passada, em audiência na Câmara dos Deputados, Daniela Carneiro já havia citado o "machismo" como forma de pressão contra o seu trabalho. "Para alguns, há a questão do machismo estrutural, sou da Baixada fluminense, tenho uma história, uma vitória muito grande, meus eleitores confiam em mim. Apoiei o presidente Lula de coração, fizemos uma campanha muito linda e admiro muito e torço muito para que o governo dê certo", afirmou.
Fonte: Gazeta do Povo