José Paulo SepĂșlveda Pertence, 85, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), morreu neste domingo (2) em BrasĂlia.
Considerado um dos grandes juristas brasileiros, o ministro aposentado nasceu em SabarĂĄ, Minas Gerais, em 21 de novembro de 1937, e atualmente exercia a advocacia.Perfil
SepĂșlveda foi ministro do STF, procurador-geral da RepĂșblica e advogado. Foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal em 1989 na vaga deixada pela aposentadoria do ministro Oscar CorrĂȘa, indicado pelo então presidente José Sarney. Permaneceu no STF até se aposentar em 2007.O jurista presidiu o STF entre 1995 e 1997. Também presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre 1993 a 1994 e de 2003 a 2005.
O atual presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes, afirmou neste domingo que foi durante a primeira gestão do ministro Pertence que a Justiça Eleitoral garantiu o direito ao voto aos jovens que completam 16 anos até a data da eleição.
"Ele também possibilitou a criação de uma base que permitiu a implementação do voto eletrônico no paĂs nos anos que se seguiram. Pertence foi responsĂĄvel por criar uma rede nacional da Justiça Eleitoral, que permitiu transmitir a alguns centros regionais as apurações de cada seção, de cada municĂpio. Em 1994, fez-se, na gestão do ministro SepĂșlveda Pertence, pela primeira vez, a totalização das eleições gerais pelo computador central, no TSE", disse Moraes em nota.
SepĂșlveda atuou como procurador-geral da RepĂșblica, entre 1985 e 1989, e presidiu a Comissão de Ética PĂșblica da PresidĂȘncia no primeiro mandato de Dilma Rousseff.
JĂĄ aposentado, em 2018 passou a integrar a equipe de advogados do então ex-presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva, representando o petista em julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ) de um habeas corpus preventivo para evitar prisão de Lula.
Lula havia sido condenado pela 8ÂȘ Turma do Tribunal Regional Federal da 4ÂȘ Região, com sede em Porto Alegre (RS), em um processo relacionado à Operação Lava Jato. O pedido da defesa acabou sendo negado.
À época, SepĂșlveda criticou a decisão. "Foi um resultado unânime no qual o tribunal preferiu manter-se na posição punitivista em grande voga no paĂs e perdeu a oportunidade de evoluir e voltar a dar à garantia constitucional da presunção de inocĂȘncia o seu devido valor", afirmou após o término do julgamento.
SepĂșlveda se formou na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1960. Participou do movimento estudantil e foi 1Âș vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), no biĂȘnio 1959/1960.
Foi aprovado em primeiro lugar no concurso para membro do Ministério PĂșblico do Distrito Federal, em setembro de 1963. Foi promotor até outubro de 1969, quando foi cassado pela Junta Militar em razão do Ato Institucional nÂș5.
Depois disso, de 1969 a 1985, dedicou-se integralmente à advocacia, em BrasĂlia, Minas Gerais, São Paulo e no Rio de Janeiro.
Foi nomeado procurador-geral da RepĂșblica em 1985, cargo que exerceu juntamente como membro do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana até se tornar ministro do Supremo.
Ele também integrou a Comissão Provisória de Estudos Constitucionais, também conhecida por Comissão Affonso Arinos, encarregada de elaborar o Anteprojeto Constitucional para a Constituição brasileira de 1988.
Ao homenagear SepĂșlveda, o ministro Gilmar Mendes afirmou que o jurista se destacou por sua atuação "na resistĂȘncia à ditadura e na reconstrução democrĂĄtica que resultou na CF de 1988".
Por trĂȘs anos, a partir de 2007, também foi membro da Comissão de Ética PĂșblica designado pelo presidente da RepĂșblica.
Fonte: G1